Tatiane Cristina BecherTitulo:
Anacaona – resiliência feminina à ocupação europeia no Caribe: ressignificações da atuação autóctone feminina na colonização da América LatinaDirector:
Burghard Baltrusch, Gilmei Francisco FleckLiña de investigación:
Literaturas e Culturas Galega e Portuguesa e Literatura MedievalResumo:
Os estudos hodiernos sobre romances históricos voltam-se às ressignificações literárias de figuras e cenários enunciados em discursos historiográficos tradicionais. Muitos deles estão sendo produzidos no contexto do Grupo de Pesquisa “Ressignificações do passado na América: processos de leitura, escrita e tradução de gêneros híbridos de história e ficção – vias para a descolonização”, vinculado ao PPGL-Unioeste/Cascavel-PR, espaço no qual esta pesquisa está inserida, em cotutela com a UVigo/Vigo-Espanha. Assim, nesta tese, procuramos comprovar que as ressignificações ficcionais da figura de Anacaona, cacica taína da ilha de Guanahaní (batizada por Colombo como La Española, em 1492), refletem a atuação dessa autóctone como figura feminina de empoderamento e enfrentamento perante a colonização e a exploração hispânica em território americano. Para tanto, estabelecemos aproximações e divergências entre fontes históricas – produzidas por europeus à época dos acontecimentos – e as narrativas híbridas de história e ficção que trazem à luz a figura dessa autóctone. Nosso objetivo é o de evidenciar como a atuação de resistência dessa líder foi manipulada em registros historiográficos, escritos sob uma perspectiva hegemônica europeia. Partimos das constatações de que os registros históricos sobre a “conquista” da América são território exclusivo da discursividade masculina europeia, excluindo-se, assim, ao máximo, a relevância das mulheres, ainda mais daquelas autóctones resilientes – sendo a literatura um espaço de ressignificações a tais personagens. As narrativas híbridas que dão protagonismos à Anacaona são: Flor de Oro (Anacaona, Reina de Jaragua) (1860), de Francisco José Orellana, Anacaona y Las Tormentas (1994), de Luis Dario Bernal Pinilla Anacaona, Golden Flower (2015), de Edwidge Danticat; Anacaona: la última princesa del Caribe (2017), de Jordi Díez Rojas. Por outro lado, temos o Diário de Bordo (1492-1493) e as Cartas (1493-1495), de Cristóvão Colombo; De Orbo Novo ([1530] 1912), de Pietro Martire d\\\'Anghiera e Brevísima relación de la destrucción de las Indias ([1552] 2011), de Frei Bartolomeu de Las Casas. Esses são alguns dos registros de sujeitos que participaram dos eventos históricos que apresentam a atuação de Anacaona. Amparamo-nos em pressupostos de autores como Le Goff (1978) e Burke (1992), sobre a nova história; Carvalhal (2006), Coutinho (2003) e Nitrini (2000), no que concerne à Literatura Comparada; Aínsa (1991), Hutcheon (1991), Menton (1993), Weinhardt (1994), Fernández Prieto (2003), Fleck (2007; 2017), Márquez Rodríguez (1991) e Esteves (2007, 2010), sobre o romance histórico; Candido (2007), Rosenfeld (2007), Brait (1985) e Genette (2007), no que diz respeito à configuração da personagem ficcional e à análise da diegese. Nosso estudo revela que a atuação de Anacaona foi minimizada na documentação produzida pelos colonizadores que não registraram a dimensão da resiliência dessa mulher frente ao poderio colonizador e que a literatura contemporânea tem sido responsável pela revitalização das imagens dessa guerreira. Essa arte é um meio profícuo de ampliação de horizontes sobre o passado de subjugação dos povos latino-americanos, um caminho à descolonização.Entrada no programa:
2023-2024Palabras clave:
Romance histórico, descolonização, ressignificação literária, Anacaona